Capital de giro: saiba como funciona com exemplos didáticos

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De forma simplificada, o capital de giro é a necessidade de capital investido em uma companhia para que ela funcione. Nas operações de uma empresa, o prazo de recebimento de vendas e o prazo de pagamentos das mercadorias são diferentes, de modo que a empresa precisa ter dinheiro investido (ou retido) para que ela funcione sem ficar com caixa negativo.

Neste artigo, explicaremos de forma simples o que é o capital de giro e como ele funciona por meio de exemplos práticos e fictícios.

Exemplos do funcionamento do capital de giro

Exemplo 1 – Início da operação – o primeiro mês de funcionamento:

Para dar início à explicação e ao exemplo, tomaremos como base uma empresa especializada na venda de sapatos que está em seu primeiro mês de operação. Com o intuito de facilitar o entendimento do exemplo, vamos adotar apenas o preço de venda e o custo de compra do sapato, sem despesas e impostos.

Essa empresa adquire os sapatos por R$ 50,00 e os revende por R$ 100,00, de modo que os prazos de pagamento e de recebimento estabelecidos são de 30 dias. Ou seja, ela recebe dos clientes o valor das vendas 30 dias após realizá-las, assim como efetua o pagamento ao fornecedor 30 dias após a compra.

Levando isso em consideração, digamos que, no primeiro mês, essa empresa tenha vendido 10 sapatos. Neste cenário, as receitas de venda serão de R$ 1.000,00, enquanto o custo das mercadorias vendidas será de R$ 500,00, resultando em um lucro de R$ 500,00.

Como os prazos de recebimento e de pagamento serão de 30 dias, tanto o recebimento quanto o pagamento serão efetuados apenas no mês seguinte. Dessa forma, no balanço da empresa, será registrado no ativo uma conta a receber de R$ 1.000,00, referente às vendas já efetuadas, porém ainda não recebidas. Já no passivo, constará um valor a pagar de R$ 500,00, referente às compras dos sapatos já efetuadas no período, mas ainda não liquidadas junto aos fornecedores. Admitindo que a empresa tenha sido aberta com um capital social de R$ 1.000,00, teremos os seguintes balanço, demonstração do resultado do exercício (DRE) e fluxo de caixa:

DRE  
Receita 1.000,00
Custo Mercadoria Vendida -500,00
Resultado Líquido 500,00
Balanço  
Ativo 2.000,00
Caixa 1.000,00
A Receber 1.000,00
Passivo 500,00
A Pagar 500,00
Patrimônio Líquido 1.500,00
Capital Social 1.000,00
Lucros Acumulados 500,00
Fluxo de Caixa  
Caixa Inicial 1.000,00
FC Operacional 500,00
Capital de Giro -500,00
Caixa Final 1.000,00

Isso significa que, no mês em questão, a receita é de R$ 1.000,00, o custo de R$ 500,00 e o lucro de R$ 500,00. Assim, considerando que a empresa possui um capital social de R$ 1.000,00, integralizado na sua abertura, então esse é o valor correspondente ao caixa inicial da empresa no período.

O capital de giro (CG) é o valor retido no balanço para fazer com que a operação funcione. Neste exemplo, temos uma conta de ativo de R$ 1.000,00, a receber com valor positivo no CG, e uma conta de passivo de R$ 500,00, a pagar com valor negativo no CG. Essas duas operações juntas geram um capital de giro positivo de R$ 500,00 (R$ 1.000,00 – R$ 500,00).

No balanço, a maioria das contas no ativo circulante tem efeito negativo sobre o fluxo de caixa, pois são operações já realizadas e contabilizadas na DRE, mas que ainda não foram efetivamente recebidas. Por outro lado, grande parte das contas do passivo circulante no balanço refere-se a custos e/ou despesas já contabilizados na DRE, mas que ainda não foram pagos, gerando um efeito positivo no fluxo de caixa.

Assim, a necessidade de capital de giro (NCG) é a variação entre o capital de giro entre dois períodos: o CG do período atual e o CG do período anterior. Dessa forma, se o capital de giro aumenta (há um crescimento do capital retido no balanço), temos uma NCG positiva e um impacto negativo no fluxo de caixa. Mas se o capital de giro diminui (há uma redução do capital retido no balanço), temos uma NCG negativa e um impacto positivo no fluxo de caixa. Juntos, o CG e a NCG representam o capital investido nas operações da empresa, o qual fica retido no balanço para garantir que a operação continue funcionando normalmente.

Como visto anteriormente, as contas de ativos circulantes – neste caso, analisando as contas a receber – exercem um efeito positivo sobre o CG, pois a receita já foi contabilizada na DRE. No entanto, como o recebimento ainda não foi efetivado, haverá um impacto negativo no caixa e no fluxo de caixa. Da mesma forma, as contas de passivos circulantes – neste caso, analisando as contas a pagar – geram um efeito negativo no capital de giro, uma vez que o custo ou a despesa já foi contabilizado na DRE. Contudo, isso resultará em um efeito positivo no caixa e no fluxo de caixa, já que o pagamento ainda não foi efetivado.

O aumento do CG pode ocorrer devido ao crescimento da conta de ativos (como contas a receber), à redução da conta de passivos (contas a pagar, por exemplo), a um aumento mais expressivo na conta de ativos do que na de passivos, ou, ainda, a uma redução mais acentuada na conta de passivos do que na de ativos. Assim, sob a perspectiva da conta de ativos, se temos um aumento nessa conta, teremos um aumento no capital de giro, gerando uma NCG positiva que impactará negativamente no fluxo de caixa.

Neste exemplo, como se trata do primeiro mês de operação, o capital de giro no período anterior é igual a zero e o CG atual é igual a R$ 500,00 gerando uma NCG de R$ 500,00 (R$ 500,00 – 0 = R$ 500,00).

A soma do fluxo de caixa operacional – que é o resultado da DRE, de R$ 500,00 – com a NCG de -R$ 500,00 (valor negativo, pois uma NCG de R$ 500,00 indica um efeito negativo no fluxo de caixa de R$ 500,00) resulta em um fluxo de caixa total igual a zero. Como se trata do primeiro mês de operação e tanto as vendas quanto as compras de mercadorias tiveram o prazo de 30 dias para pagamento, o fluxo de caixa total da empresa deve ser igual a zero, uma vez não houve movimentação de dinheiro no período.

Exemplo 2 – Segundo mês de operação:

Dando sequência ao exemplo, agora adicionaremos mais um mês de operação, mantendo o mesmo volume de vendas e os mesmos valores de compra e venda de mercadorias. Neste cenário, teremos a mesma DRE, mas o balanço e o fluxo de caixa terão alterações em relação ao exercício anterior.

DRE 1 2
Receita 1.000,00 1.000,00
Custo Mercadoria Vendida -500,00 -500,00
Resultado Líquido 500,00 500,00
Balanço 1 2
Ativo 2.000,00 2.500,00
Caixa 1.000,00 1.500,00
A Receber 1.000,00 1.000,00
Passivo 500,00 500,00
A Pagar 500,00 500,00
Patrimônio Líquido 1.500,00 2.000,00
Capital Social 1.000,00 1.000,00
Lucros Acumulados 500,00 1.000,00
Fluxo de Caixa 1 2
Caixa Inicial 1.000,00 1.000,00
FC Operacional 500,00 500,00
NCG -500,00 0,00
Caixa Final 1.000,00 1.500,00

Para o segundo mês, como se mantiveram os mesmos volumes e preço de vendas, a DRE continuará igual ao primeiro mês. Já no balanço, há uma pequena alteração no caixa (resultado do fluxo de caixa) e nos lucros acumulados referentes ao resultado do mês 2.

As contas a receber e a pagar continuam inalteradas, pois, no segundo mês, ocorrem os pagamentos e os recebimentos referentes ao primeiro mês – ambos com prazo de 30 dias –, mas agora novos pagamentos e recebimentos serão gerados no mês 2 com o mesmo prazo. Como os valores da DRE se mantêm os mesmos em ambos os períodos, as contas do ativo e do passivo permanecerão iguais.

A NCG pode ser calculada neste exemplo como a diferença de ativos e passivos de um período para o outro. No primeiro mês, temos R$ 1.000,00 de ativo e R$ 500,00 de passivo, o que, somados, dá um CG de R$ 500,00. No segundo mês, temos o mesmo capital de giro, pois os valores de ativo e de passivo são os mesmos. A diferença entre o primeiro exemplo e o segundo é que, no primeiro exemplo, por se tratar do primeiro mês de operação, o capital de giro passou de zero para R$ 500,00, gerando uma NCG de R$ 500,00. Já no segundo mês, temos R$ 500,00 de CG no mês anterior contra R$ 500,00 no mês atual, gerando uma NCG igual a zero.

O capital de giro é calculado a cada mês como a diferença entre ativos circulantes e passivos circulantes, enquanto a NCG é o cálculo da diferença entre os capitais de giros nos dois períodos.

No fluxo de caixa, temos o fluxo de caixa operacional referente ao resultado do exercício, ou seja, resultado líquido no mês, que é igual a R$ 500,00 e uma NCG igual a zero. Dessa forma, o fluxo de caixa total é igual a R$ 500,00, o que aumenta o caixa da empresa de R$ 1.000,00 para R$ 1.500,00.

Exemplo 3 – Segundo mês sem vendas:

Aqui, vamos abordar um caso específico, em que não há vendas no segundo mês, para demonstrar o que acontece com o capital de giro neste contexto.

Se não houver vendas no segundo mês, tanto as vendas quanto o custo serão iguais a zero, gerando um resultado no período também igual a zero. No balanço, as contas a receber e as contas a pagar também serão zeradas, pois o prazo de pagamento e de recebimento das vendas no mês 1 é igual a 30 dias. Dessa forma, as receitas do mês 1 serão recebidas no mês 2 e os produtos comprados no mês 1 serão pagos também no mês 2. Como não temos vendas no mês 2, não temos mais pagamentos e recebimentos a serem feitos no futuro, zerando as contas a receber e a pagar.

Neste exemplo o CG no mês 2 será igual a zero, pois o ativo e o passivo são iguais a zero. Já a NCG será igual a -R$ 500,00, pois passamos de um capital de giro igual a R$ 500,00 no mês 1, para um zerado no mês 2. Isso significa que a DRE, o balanço e o fluxo de caixa ficarão da seguinte forma:

DRE 1 2
Receita 1.000,00 0,00
Custo Mercadoria Vendida -500,00 0,00
Resultado Líquido 500,00 0,00
Balanço 1 2
Ativo 2.000,00 1.500,00
Caixa 1.000,00 1.500,00
A Receber 1.000,00 0,00
Passivo 500,00 0,00
A Pagar 500,00 0,00
Patrimônio Líquido 1.500,00 1.500,00
Capital Social 1.000,00 1.000,00
Lucros Acumulados 500,00 500,00
Fluxo de Caixa 1 2
Caixa Inicial 1.000,00 1.000,00
FC Operacional 500,00 0,00
NCG -500,00 500,00
Caixa Final 1.000,00 1.500,00

Podemos observar que, neste caso, foi gerada uma NCG negativa de R$ 500,00, pois há uma menor necessidade de capital investido na empresa, e, portanto, um efeito positivo no fluxo de caixa. Além disso, no balanço, o patrimônio líquido é igual a R$ 1.500,00, que corresponde ao capital investido de R$ 1.000,00 no capital social, acrescido dos lucros do primeiro mês de R$ 500,00, resultando no valor de caixa de R$ 1.500,00.

Exemplo 4 – Segundo mês de operação com aumento de volume:

Agora, consideremos como exemplo um aumento nas vendas no segundo período. Supondo que a empresa tenha vendido 20 sapatos, em vez de 10, e mantido os mesmos preços de compra e venda, os resultados serão os seguintes:

DRE 1 2
Receita 1.000,00 2.000,00
Custo Mercadoria Vendida -500,00 -1.000,00
Resultado Líquido 500,00 1.000,00
Balanço 1 2
Ativo 2.000,00 3.500,00
Caixa 1.000,00 1.500,00
A Receber 1.000,00 2.000,00
Passivo 500,00 1.000,00
A Pagar 500,00 1.000,00
Patrimônio Líquido 1.500,00 2.500,00
Capital Social 1.000,00 1.000,00
Lucros Acumulados 500,00 1.500,00
Fluxo de Caixa 1 2
Caixa Inicial 1.000,00 1.000,00
FC Operacional 500,00 1.000,00
NCG -500,00 -500,00
Caixa Final 1.000,00 1.500,00

Conforme observado neste exemplo, o resultado dobrou no segundo mês, totalizando R$ 1.000,00 de resultado líquido, enquanto a geração de caixa no fluxo de caixa foi de apenas R$ 500,00. Da mesma forma como calculamos anteriormente, o CG no primeiro mês foi de R$ 500,00 (R$1.000,00 a receber – R$500,00 a pagar). Já no segundo mês, o capital de giro aumentou para R$ 1.000,00 (R$2.000,00 a receber – R$1.000,00 a pagar).

As contas a receber passaram de R$ 1.000,00 para R$ 2.000,00 devido ao recebimento referente às vendas do período anterior, no valor de R$ 1.000,00, com prazo de pagamento de 30 dias. Ao mesmo tempo, ainda não foram recebidas as vendas do segundo mês, no valor de R$ 2.000,00 e com o mesmo prazo de 30 dias, cujo pagamento ocorrerá no mês 3.

Já as contas a pagar aumentaram de R$ 500,00 para R$ 1.000,00 em decorrência do pagamento das compras do período anterior, no valor de R$ 500,00, com prazo de 30 dias. Além disso, as compras do segundo mês, no valor de R$ 1.000,00 e com o mesmo prazo de pagamento, ainda não foram quitadas e só serão pagas no mês 3.

Resumindo, nos dois meses de operação, a empresa obteve R$ 3.000,00 em vendas e R$ 1.500,00 em custo das mercadorias vendidas, gerando um resultado de R$ 1.500,00 em lucro. Os R$ 1.500,00 de lucro estão refletidos no patrimônio líquido em lucros acumulados, mas não foram refletidos no caixa, que passou de R$ 1.000,00 – referente ao capital social investido pelos sócios na abertura da empresa – para R$ 1.500,00. Os outros R$ 1.000,00 permanecem retidos na empresa, representando a diferença entre as contas a receber (R$ 2.000,00) e as contas a pagar (R$ 1.000,00), resultando em um capital de giro de R$ 1.000,00. Outra forma de cálculo seria somando os valores das NCGs dos dois períodos, que foram de R$ 500,00 em cada um, totalizando R$ 1.000,00.

Podemos concluir, portanto, que apesar de gerar R$ 1.500,00 de resultado em dois meses de operação, apenas R$ 500,00 foram convertidos em caixa, pois o restante está retido na operação, já que temos as contas a receber e as contas a pagar no futuro. Dessa forma, à medida que uma empresa cresce, suas contas de ativo e passivo aumentam, mas o capital acaba ficando congelado no balanço da empresa.

Exemplo 5 – Impacto da inflação no capital de giro:

A inflação também impacta o capital de giro. Levando isso em consideração, no exemplo abaixo, a quantidade de vendas no primeiro e no segundo mês será a mesma. No entanto, para o segundo mês, será aplicada uma inflação de 10% tanto no preço de venda quanto no custo das mercadorias, gerando o seguinte cenário:

DRE 1 2
Receita 1.000,00 1.100,00
Custo Mercadoria Vendida -500,00 -550,00
Resultado Líquido 500,00 550,00
Balanço 1 2
Ativo 2.000,00 2.600,00
Caixa 1.000,00 1.500,00
A Receber 1.000,00 1.100,00
Passivo 500,00 550,00
A Pagar 500,00 550,00
Patrimônio Líquido 1.500,00 2.050,00
Capital Social 1.000,00 1.000,00
Lucros Acumulados 500,00 1.050,00
Fluxo de Caixa 1 2
Caixa Inicial 1.000,00 1.000,00
FC Operacional 500,00 550,00
NCG -500,00 -50,00
Caixa Final 1.000,00 1.500,00

Neste caso, apesar de termos as mesmas quantidades vendidas, tanto a receita quanto os custos aumentaram, alterando o ativo e o passivo no balanço. As contas a receber foram de R$ 1.000,00 para R$ 1.100,00 – pois recebeu os R$ 1.000,00 referentes à receita do mês anterior e não recebeu as vendas referentes ao mês 2 –, enquanto as contas a pagar passaram de R$ 500,00 para R$ 550,00.

Isso significa que o CG aumentou de R$ 500,00 no primeiro mês (R$ 1.000,00 do ativo – R$ 500,00 do passivo) para R$ 550,00 (R$ 1.100,00 do ativo – R$ 550,00 do passivo). Além disso, a NCG foi de R$ 50,00, que é a diferença entre o capital de giro do mês 2 e o do mês 1.

Exemplo 6 – Necessidade de capital de giro (NCG) negativa:

Há um caso específico em que o CG é negativo e, consequentemente, a NCG também se torna negativa. Esse é o perfil das empresas que chamamos de “geradoras de caixa”. Para que isso aconteça, geralmente a empresa precisa ter um prazo de recebimento menor do que o prazo de pagamento.

Seguindo o mesmo caso da loja de sapatos e mantendo as mesmas premissas utilizadas anteriormente, o exemplo abaixo terá uma única diferença: o recebimento das vendas será à vista. Ou seja, o recebimento e a geração do caixa pela venda ocorrem no mesmo mês em que ela é realizada, enquanto o pagamento da mercadoria acontece 30 dias após a sua venda. Teremos, neste caso, o seguinte cenário:

DRE  
Receita 1.000,00
Custo Mercadoria Vendida -500,00
Resultado Líquido 500,00
Balanço  
Ativo 2.000,00
Caixa 2.000,00
A Receber 0,00
Passivo 500,00
A Pagar 500,00
Patrimônio Líquido 1.500,00
Capital Social 1.000,00
Lucros Acumulados 500,00
Fluxo de Caixa  
Caixa Inicial 1.000,00
FC Operacional 500,00
NCG 500,00
Caixa Final 2.000,00

Podemos observar que a DRE se mantém igual em relação ao primeiro exemplo, com resultado líquido de R$ 500,00. A diferença, neste caso, é que, como todas as vendas são à vista, as contas a receber não são registradas no ativo do balanço. Porém, como o prazo de pagamento se mantém em 30 dias, continuamos tendo na conta de passivo as contas a pagar de R$ 500,00.

Isso significa que o ativo será igual a zero e o passivo igual a R$ 500,00, gerando um capital de giro negativo em R$ 500,00. Como se trata do primeiro mês de operação, a NCG também é negativa em R$ 500,00. Portanto, mesmo tendo um resultado de apenas R$ 500,00, a geração de caixa foi de R$ 1.000,00, com uma dívida com os fornecedores igual a R$ 500,00 a ser paga no mês seguinte. Assim, se adicionarmos a esse cenário um segundo mês sem vendas, no final teremos um resultado igual ao do segundo exemplo, mas com fluxos de caixas diferentes:

DRE 1 2
Receita 1.000,00 0,00
Custo Mercadoria Vendida -500,00 0,00
Resultado Líquido 500,00 0,00
Balanço 1 2
Ativo 2.000,00 1.500,00
Caixa 2.000,00 1.500,00
A Receber 0,00 0,00
Passivo 500,00 0,00
A Pagar 500,00 0,00
Patrimônio Líquido 1.500,00 1.500,00
Capital Social 1.000,00 1.000,00
Lucros Acumulados 500,00 500,00
Fluxo de Caixa 1 2
Caixa Inicial 1.000,00 2.000,00
FC Operacional 500,00 0,00
NCG 500,00 -500,00
Caixa Final 2.000,00 1.500,00

Neste caso, zeramos tanto a conta de recebimentos quanto a conta de pagamentos, o que resulta em um fluxo de caixa negativo de R$ 500,00, referente ao pagamento das mercadorias vendidas no primeiro mês. Isso gera um resultado acumulado de R$ 500,00, aumentando o caixa inicial antes da operação de R$ 1.000,00, referente ao capital social, para R$ 1.500,00, com a adição dos resultados do mês 1 de vendas.

Conclusão

A partir dos exemplos mencionados ao longo deste artigo, concluímos que o capital de giro representa o dinheiro que fica retido na empresa, relacionado aos ativos circulantes e aos passivos circulantes da operação. Já a necessidade de capital de giro (NCG) é a alteração do CG entre um período e outro.

Sendo assim, empresas em crescimento – seja devido ao aumento no volume de vendas, seja devido ao aumento nos custos e nos preços – terão capital de giro crescente e uma NCG, que, em todos os períodos, consumirão parte do resultado gerado no período. Da mesma forma, se as vendas diminuem (ou zeram) ou os preços caem, pode ocorrer uma redução no CG e na NCG, gerando um caixa superior ao resultado no período.

Outro ponto é que empresas que dispõem de prazos de pagamento maiores do que os prazos de recebimento podem se tornar empresas geradoras de caixa. Com isso, elas passam a gerar mais caixa do que o resultado operacional, mas com uma conta de passivo no balanço que deverá ser paga no futuro.

Essa foi uma análise simplificada do capital de giro, levando em conta apenas as contas a receber e a pagar no ativo e no passivo. No entanto, é importante salientar que outras contas dentro do ativo circulante e do passivo circulante também fazem parte do CG. Assim, uma visão mais aprofundada em relação ao cálculo do capital de giro completo em empresas reais pode ser encontrada no artigo O que é capital de giro e qual é a sua importância?.

Qual é a importância do capital de giro?

O capital de giro é extremamente importante! Uma empresa com crescimento muito alto e/ou com prazo de recebimento longo pode ficar sem caixa e atrapalhar as operações, limitando o crescimento devido à falta de mercadorias para vender ou até parar todas as operações em decorrência da falta de caixa para pagar dívidas, juros e funcionários. Nesse sentido, o gerenciamento do fluxo de caixa e do capital de giro é muito importante para garantir que a empresa continue crescendo e operando de forma saudável.

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Autoria de Pedro Junqueira e revisão técnica de Rodrigo Barbeti
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