Dentro de instituições públicas e privadas, o controle interno representa um dos pilares fundamentais para a condução de trabalhos de auditoria, contribuindo de forma efetiva tanto para a detecção quanto para a prevenção de erros, fraudes e desvios.
Isso significa que, ao adotar um sistema de controle interno eficaz, torna-se possível não apenas estabelecer, mas também fortalecer a governança corporativa e a transparência institucional.
Levando isso em consideração, neste artigo abordaremos os aspectos teóricos e práticos, as normas de auditoria específicas da área de controle interno, seus objetivos, implicações e benefícios na construção da execução de uma auditoria de balanço. Mas, antes de avançarmos, é importante definir alguns conceitos:
Segundo a NBC TA 315 – Identificar e Avaliar Riscos de Distorção Relevante por meio da Compreensão da Entidade e seu Ambiente, o termo “controle interno” pode ser compreendido da seguinte maneira:
“Controle interno é o processo desenvolvido, implementado e mantido pela administração, sob supervisão dos responsáveis pela governança, com o objetivo de proporcionar segurança razoável quanto à realização dos objetivos da entidade relacionados à confiabilidade das informações financeiras, à eficácia e eficiência das operações e à conformidade com leis e regulamentos aplicáveis.”
De acordo com a definição acima, o controle interno é considerado uma prática estratégica adotada por gestores, na tentativa de tornar os processos internos mais seguros, confiáveis e eficientes, sempre visando à sustentabilidade do negócio. Embora sua adoção não elimine todos os riscos, um sistema de controle interno devidamente estruturado é uma ótima ferramenta para mitigá-los.
Para isso, muitas empresas e organizações estabelecem departamentos de controle interno, com o objetivo de avaliar, monitorar e melhorar os processos internos, ajudando, assim, a empresa a atingir seus objetivos de forma segura e eficaz. Na realidade, esse departamento atua como um aliado da governança na mitigação de riscos.
Quais são as diferenças entre auditoria externa e interna nesse contexto de controle interno?
A auditoria interna realiza uma avaliação contínua e completa da eficiência dos controles internos para melhorar a eficiência de uma organização e identificar possíveis falhas. Além disso, atua diretamente na organização, fomentando a melhoria da gestão de riscos e governança.
Já a auditoria externa, também chamada de auditoria independente, é realizada anualmente, em conjunto com a auditoria das demonstrações financeiras, e baseia-se na NBC TA 315. Seus principais objetivos são:
- Determinar e avaliar a razoabilidade dos riscos de distorção relevante devido a fraude ou erro;
- Desenvolver respostas para esses riscos;
- Fornecer razoável segurança de que as demonstrações financeiras estão livres de distorções relevantes, ou seja, confirmar se o sistema de controle interno em questão é adequado e está funcionando efetivamente, a fim de expressar uma opinião sobre as demonstrações financeiras.
Em geral, um conhecimento adequado dos sistemas de controle interno permite ao auditor avaliar tanto os riscos inerentes à organização quanto os de controle, além de direcionar o enfoque da auditoria. Isto é, determinar a extensão e a profundidade da auditoria. Sendo assim, o julgamento profissional é necessário para que o auditor considere a relevância do controle em relação à materialidade e ao risco para as afirmações sobre as demonstrações financeiras.
Também é importante mencionar que, embora a auditoria não forneça uma opinião sobre a eficácia dos controles (exceto quando especificamente contratada para fazê-lo), o entendimento dos controles é uma consideração crítica para um planejamento de auditoria adequado.
Como é executado o trabalho da auditoria externa referente aos controles internos?
Para avaliar a eficácia dos controles internos, o auditor também realiza certos procedimentos para determinar se o controle interno foi implementado corretamente e se está operando efetivamente. Em relação a isso, a NBC TA 315 aborda alguns componentes que devem ser observados durante a execução do trabalho:
- Ambiente de controle: caracterizado pela estrutura organizacional e pelo estabelecimento de responsabilidade. Por exemplo, o auditor pode testar a segregação de funções entre departamentos, conforme estabelecido pela governança na estrutura de departamentos da empresa.
- Atividades de controle: ações que podem ser implementadas para gerenciar riscos, autorizações, revisões, reconciliações e controles físicos. Exemplo: verificar se os pagamentos realizados são revisados, autorizados e se existem alçadas.
- Atividades de monitoramento: é a avaliação contínua ou periódica da eficácia do controle interno, tipicamente realizada pela auditoria interna ou pela administração. Por exemplo: realizar auditorias internas periódicas em áreas de maior risco, como em uma revenda agrícola, avaliar o controle de estoque e contas a receber, e acompanhar o progresso na implementação das recomendações.
E como o auditor externo realiza isso na prática?
A NBC TA 315 estabelece que o auditor deve compreender não apenas os processos contábeis, mas também os controles internos relacionados para planejar a auditoria baseada em risco. Geralmente, o trabalho de auditoria é dividido em ciclos operacionais, como, por exemplo, o ciclo de vendas, em que o auditor entende o processo do início ao fim e avalia seus reflexos na contabilidade.
Abaixo elencamos alguns procedimentos normalmente executados:
- Entrevistas com os gerentes da área, a fim de entender a operação dos departamentos e identificar práticas formais e informais, falhas, além de possíveis violações relacionadas a regras internas.
- Análise de fluxo de trabalho, em que são definidas a ordem e a execução de etapas em um processo. Tendo como exemplo o ciclo de vendas, deve-se analisar:
– Pedido de venda;
– Níveis de aprovação;
– Revisão do cadastro do cliente;
– Faturamento;
– Controle de entrega de mercadoria;
– Documentos fiscais, financeiros e contábeis.
- Exames de evidências físicas e sistêmicas, tais como assinaturas e logins de aprovação, documentos de conciliação, relatórios gerenciais etc.
- Avaliação do controle interno, que desempenha um papel importante na estratégia de auditoria, na determinação do nível de risco apropriado e na consideração da extensão dos testes substantivos.
Levando isso em consideração, é crucial que as organizações tenham em mente que a eficácia ou a ineficácia dos controles influencia diretamente os riscos de distorção relevante. Segundo a NBC TA 315, os riscos são classificados em:
- Riscos normais: quando os controles são considerados eficazes.
- Riscos significativos: envolvem áreas com maior julgamento, suscetibilidade a fraudes ou complexidades técnicas.
- Riscos de controle elevado: quando os controles são inexistentes ou falhos, exigindo respostas robustas do auditor.
Sendo assim, o auditor, de acordo com a avaliação, modifica a natureza, o momento e a extensão dos procedimentos substantivos da auditoria. Por esse motivo, os resultados devem ser sempre interpretados com julgamento profissional e ceticismo.
Além disso, as deficiências levantadas devem ser classificadas, documentadas e comunicadas à administração, conforme exigido pela NBC TA 265 – Comunicação de Deficiências de Controle Interno Identificadas na Auditoria. É importante também destacar que, no trabalho de controle interno, as deficiências e as descobertas são relatadas à administração e aos responsáveis pela governança, contribuindo para a melhoria dos processos internos e agregando valor à entidade auditada.
Em razão da complexidade envolvida nesse tipo de serviço, sua efetividade depende diretamente da capacitação dos profissionais responsáveis pela sua execução. Por isso, a BLB Auditores Independentes investe continuamente no desenvolvimento de sua equipe, oferecendo ferramentas, treinamentos e recursos tecnológicos que considera essenciais para a qualidade e o aprimoramento dos serviços prestados.
Contando com um time altamente especializado, a BLB está preparada para entregar auditorias com elevado padrão técnico. Se sua empresa necessita de Auditoria Independente, conte com a experiência da BLB Auditores e Consultores.
Autoria de Lucas Cavalheiro e revisão técnica de Paulo Barcelos
Auditoria Independente
BLB Auditores e Consultores